O cachimbo
Sou o cachimbo de um autor.Vê-se, ao contemplar meu semblanteDe cafre ou de abissínia errante,Que muito fuma o meu senhor.Quando ele está cheio de dor,Sou como a choça fumeganteOnde a comida aguarda o instanteEm que regressa o lenhador.Sua alma embalo docementeNa rede azul e movediçaQue em minha boca o fogo atiça.E entorno um bálsamo envolventeQue ao coração lhe traz a calmaE lhe dá cura aos males da alma.
Charles Baudelaire