Infância
(Drummond)
Meu pai montava a cavalo, ia
para o campo.
Minha mãe ficava sentada
cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre
mangueiras
lia a história de Robinson
Crusoé
Comprida história que não
acabava mais.
No meio dia branco de luz
uma voz que aprendeu
a ninar nos longe da senzala
- e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta
velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficara em casa
cosendo
Olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o
menino.
Para o berço onde pousou um
mosquito.
E dava um suspiro... que
fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que a minha
história
era mais bonita que a de
Robinson Crosoé.